terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Eu poderia construir não só um castelo, mas todo um reino só para que uma pessoa ficasse mais um pouco. A madrugada inteira sentados olhando para o nada com a perna encostada na minha.

A gente pode brigar o tempo inteiro, não tem problema. E eu fico pensando: como é que se pode gostar tanto de alguém que até brigar é gostoso?

Nunca pensei que a possibilidade de não ter uma pessoa por perto pudesse ser tão desesperadora. E ter do lado, tão confortável.

Mas não tem nada como aqueles olhos pequenos que parecem ter nascido 20 anos antes do corpo. “Tão lindamente sacanas”, diria Xico Sá.

E eu disse hoje: “conheço e amo todos os teus defeitos”.

Era tão verdade e porque a pessoa não acredita? Eu sei que ele já perdeu a fé em mim, mas quando eu digo que amo, será que não dava pra dar um desconto e aceitar?

Me diz: como é que se pode gostar dos defeitos de uma pessoa como se fossem pérolas que vão se desenrolando, incontáveis e lindas?

O problema é que eu vi o sol nascer do teu lado hoje e a gente nem andava mais juntos. Tá bom, é mentira, eu não vi o sol nascer porque estava só olhando pra você e para os teus olhinhos sacanas. Você me fez esquecer que eu estava acompanhada, me levou embora e eu só fui lembrar que não era na sua casa que eu devia dormir quando acordei.

Como é que a gente pode se apaixonar por uma pessoa quando olha a prateleira de livros dela?

Eu queria mesmo entender como a gente pode passar horas sentados num banco de praça e acabar com uma carteira inteira de cigarros discutindo uma relação que não existe.

Quando a gente precisa que alguém fique, constrói qualquer coisa. Mas este castelo, no entanto, nós sempre destruímos.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Normose: o mal do século (?)

Normose, para quem não sabe, é a patologia da normalidade. E, como dizia Jung, "só aspira à normalidade, o medíocre".


Obviamente, não nascemos e não crescemos para a normalidade. Estamos aqui para plantar sementes. Estamos aqui para “fazer a diferença”, mesmo que isso pareça um tanto clichê. Nós estamos aqui para nos tornarmos líderes. E se nós não somos líderes é porque não queremos, ou ignoramos a oportunidade... é porque ouvimos demais papai, mamãe, a sociedade, os professores... e é porque nós nos conformamos. É isso aí... conformismo.

Na verdade, eu me espanto é com a inércia. Com gente que fica parado, imóvel, praticamente paralisado. Que nasce e morre milimétricamente igual. Eu tenho medo é de gente que não faz barulho. Me assusto com pessoas que vive uma vida inteira e só cresce, cresce, mas não evolui... Eu gosto é de gente que fala o que pensa. Que coloca pra fora, desabafa, expõe, demonstra. Nem tanto pela ousadia. Mas é raro ter gente que pensa hoje em dia. ‘Tô’ errada?

As redes sociais hoje reúnem milhares, ou melhor, bilhares de revolucionários virtuais. Muito bom. Muito legal. É interessantíssimo dissertar e discutir assuntos factuais e expormos para que nosso ciclo de amizade possa tomar conhecimento de nossas opiniões.

O problema é esse: acaba por aí. O que me incomoda é ficar só nisso. É achar que isso é o suficiente para sentir orgulho de dever cumprido. Ninguém realmente se mobiliza contra ou a favor de algo. Não vai além do teclado. Tudo fica limitado a publicações no facebook ou twitter. Alguns caracteres opinativos e pronto. Esse realmente é o nosso melhor? Não precisamos nos limitar a isso, certo? O ser humano tem competência o suficiente para fazer muito mais.... Muito mais.

Eu também desejo um mundo melhor. Minha família também. Meu vizinho também. E assim por diante... Mas não me considero um Dalai Lama por este motivo. Se todos parassem pra refletir, iriam desvendar o que é melhor para si próprio, do que continuar achando que sabem o que é melhor para todo o mundo (e publicando bobagens no facebook...)

As vezes, chega a ser até hipocrisia, sabe?! Pseudo intelectuais comentando sobre assuntos pelos quais não possuem domínio sequer. Filosofias baratas. Lamentável... E no caminho que estamos indo, vamos transformando em cidadania e dever cívico partículas cada vez menores de humanidade.

Por favor... Saia do seu mundinho e faça algo de concreto. Não precisa ser nada grandioso. Ontem fiquei sabendo que uma amiga arrecadou balas em sua comunidade, e uma semana antes do natal foi ao hospital para distribuir entre as crianças internas. É de admirar-se, não é mesmo? E ela nem precisou ser uma Madre Teresa de Calcutá para tal feito.

As melhores ações a gente é quem faz com simplicidade. Basta querer. Basta força de vontade. Basta um gesto, um passo, uma palavra... É tão fácil. Não esperemos por maravilhas da vida de braços cruzados. Não esperemos por mudanças sentados em nossas cadeiras em frente a um monitor. Tenhamos esperança para criarmos coragem, e saúde para tomarmos atitudes.
"Acredito que as melhores coisas da vida não são visíveis. Por isso que as sensações mais intensas são experimentadas de olhos fechados..."